No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho.
Assim Carlos Drummond de Andrade inicia seu famoso poema, escandaloso para a época da publicação, tanto que o poeta se divertiu ao compilar e publicar 194 páginas de descomposturas indignadas contra os dez versos de No Meio do Caminho.
Drummond é uma quase unanimidade nacional como nosso poeta maior. Capturou o mundo, vasto mundo em palavras e versos, com e sem rima, que, décadas afora, não envelhecem e continuam falando como dois olhos que acordam os homens. Tinha apenas duas mãos e o sentimento do mundo. Ajudado pelas lembranças de Minas Gerais, casas entre bananeiras, pomar amor cantar, a fotografia na parede, deixou as culpas no caminho e a luta vã com palavras, ferramentas que o consagraram.
Nesta semana me lembrei muito de Drummond. Da sua pedra no meio do caminho. Havia uma pedra no meio do meu caminho. Ou melhor, duas. Pedras no rim. Não são fotografias na parede, ai, mas como doem.
E como foi o desbloqueio?
Contornou as pedras? Foram removidas? Detonadas?
E o que teve as pedras, sente-se bem agora?
As pedras foram expelidas, cara Terezinha. Saíram rasgando o ureter. Dor de parto. Mas agora passou tudo.
Melhoras pra você, querido amigo, que sabe fazer do humor uma rima para sua dor…
Obrigado, querida. Dor sem humor dói duas vezes. Por isso, precisamos rir dela.
Tadinho, people, ô dozinha dele…
Mas sei que, pelo serviço de enfermagem
gratuito e eficientíssimo do qual usufrui,
tenho certeza de que as pedrinhas das
quais ele fala, a esta altura já viraram pó.
NÃO DUVIDO!
Sim, Madu, você acertou em cheio. Viraram pó e foram para o ralo. Beijos
Ia dizer que tava torcendo para vc, mas aí li que elas já eram. Digo, já foram para o ralo!!!
Cuide-se para que outras não voltem. Abraços
Paulo Mayr
Valeu, caro Paulo. Espero que não voltem.